A Previdência Complementar no Brasil: Estrutura, Evolução e Vantagens

17.10.2025
Postado por Irineu Messias

A proteção social é uma preocupação que remonta a culturas antigas como Grécia e Roma. Atualmente, essa preocupação se materializa na Seguridade Social, um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

O Sistema de Previdência Social Brasileiro está estruturado em três pilares principais: o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e o Regime de Previdência Complementar (RPC). Enquanto o RGPS (operacionalizado pelo INSS) destina-se aos trabalhadores do setor privado e empregados públicos celetistas, e o RPPS (obrigatório) destina-se aos servidores públicos estatutários e militares, o Regime de Previdência Complementar (RPC) assume um papel de destaque como opção para a construção do bem-estar futuro.

Características e Evolução do Regime de Previdência Complementar (RPC)

O RPC possui características fundamentais que o diferenciam dos regimes básicos: é organizado de forma autônoma, tem caráter complementar ao RGPS, e sua adesão é facultativa. Por ser autônomo, a concessão de benefícios pelo RPC independe do recebimento de benefícios dos outros regimes.

Historicamente, o primeiro registro da Previdência Complementar no Brasil data de 1835, com a criação do Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado (Mongeral). Contudo, o marco regulatório inicial moderno foi a Lei n.º 6.435, de 1977. Posteriormente, em atendimento ao Art. 202 da Constituição Federal, as Leis Complementares n.º 108/01 e n.º 109/01 trouxeram uma nova dinâmica para o segmento.

Financiamento e Estrutura

O RPC adota o regime financeiro de capitalização, caracterizado pela formação de reservas constituídas pelas contribuições recebidas e pela rentabilidade dos recursos investidos. O objetivo das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) é alcançar a rentabilidade necessária para o pagamento dos benefícios, priorizando a segurança em vez de buscar investimentos de maior risco.

O RPC é operado por dois tipos de entidades:

1. Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC): Possuem fins lucrativos e são comercializadas por bancos e seguradoras.

2. Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC): Foco principal no segmento, as EFPC (também conhecidas como Fundos de Pensão) são entidades sem fins lucrativos. Elas administram planos criados por empresas (patrocinadoras) para seus empregados ou entidades de classe (instituidores) para seus associados.

A estrutura mínima de uma EFPC conta com um Conselho Deliberativo, uma Diretoria Executiva e um Conselho Fiscal. Essa governança, somada ao acompanhamento da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), proporciona segurança e transparência aos participantes.

Modalidades de Planos e Investimentos

Os planos de benefícios previdenciários oferecidos pelas EFPC classificam-se em três modalidades, baseadas nas características dos benefícios programados:

Benefício Definido (BD): Garante o recebimento dos benefícios programados em valor previamente estabelecido, podendo as contribuições variar ao longo dos anos para assegurar sua manutenção.

Contribuição Definida (CD): O valor dos benefícios programados é baseado no saldo de conta acumulado (contribuições do participante, patrocinadora e rentabilidade), sendo pago enquanto houver saldo. As contribuições são definidas livremente.

Contribuição Variável (CV): Combina as modalidades BD (na fase de percepção) e CD (na fase de acumulação).

Para garantir o equilíbrio e a solvência dos planos, as EFPC definem anualmente uma Política de Investimento, observando diretrizes estabelecidas na Resolução CMN n.º 4.661/2018. Essas regras prudenciais buscam minimizar riscos, evitando especulações e proporcionando mais tranquilidade aos participantes.

Vantagens do RPC para os Agentes Sociais

O Regime de Previdência Complementar oferece vantagens significativas para todos os agentes envolvidos:

1. Para os Participantes: A principal vantagem é a formação de poupança previdenciária que proporciona uma renda adicional na aposentadoria, ajudando na manutenção da qualidade de vida. Outras vantagens incluem:

Proteção Familiar: Cobertura para casos de invalidez e falecimento.

Baixos Custos: EFPC, por não terem fins lucrativos, cobram taxas de administração apenas para sua manutenção e funcionamento.

Incentivos Fiscais: As contribuições do participante podem ser deduzidas até o limite de 12% dos rendimentos tributáveis no ajuste anual do Imposto de Renda (IR). A tributação (Regime Progressivo ou Regressivo) ocorre apenas no recebimento do benefício ou resgate.

2. Para os Patrocinadores e Instituidores: Para as empresas, oferecer planos de benefícios atua como um instrumento de Política de Recursos Humanos, motivando empregados, atraindo e retendo talentos. Isso fortalece a marca e a responsabilidade social. As contribuições realizadas pela empresa podem ser deduzidas como despesas operacionais até o limite de 20% da folha de salários, sem se vincular ao contrato de trabalho.

Para os instituidores (entidades de classe), a oferta de planos fortalece o vínculo associativo e a representatividade junto aos associados, defendendo seus interesses de maior proteção na aposentadoria.

3. Para a Sociedade: O RPC contribui para o desenvolvimento da cultura previdenciária e a ampliação da proteção social. Além disso, a poupança estável de longo prazo gerida pelas EFPC é utilizada para o desenvolvimento do País, com investimentos em infraestrutura, novas empresas e geração de empregos, substituindo a necessidade de endividamento externo.

Em resumo, o Regime de Previdência Complementar, especialmente no âmbito das EFPC, constitui uma ferramenta bem organizada e regulamentada que oferece ao trabalhador a oportunidade de planejar e construir um futuro financeiro mais tranquilo.

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Indicação ao STF: por que Jorge Messias?

16.10.2025
Por Marcelo Uchoa

Coragem, sensibilidade e firmeza institucional fazem de Jorge Messias o nome mais preparado para o STF

Jorge Messias (Foto: Victor Piemonte/STF)

As especulações sobre nomes para assumir a vaga de ministro do STF, na cadeira aberta com a saída antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, aumentam diariamente. Tenho defendido que o nome mais adequado para assumir o posto é o do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, e explicarei o porquê.

Um ministro do STF ideal deve conhecer o Direito, compreender e saber interpretar corretamente a Constituição, procurar ser justo em suas ponderações e decisões. Deve ser probo, honesto, competente, equilibrado no lidar e não pode ser arrogante, estando sempre aberto para receber advogados e com humildade reforçada para escutar a sociedade.

Apesar de jovem, Jorge Messias é egresso de uma plêiade de juristas que absorveu lições preciosas de Dalmo de Abreu Dallari. Sabe, por exemplo, que o bom juiz deve enxergar o cidadão além dos autos processuais, sem resumi-lo a calhamaços de papéis e documentos. Entende que a justiça se constrói com sensibilidade ética e coragem institucional e, falando em coragem, que é preciso tê-la para garantir a autoridade do Direito. Sabe, e sabe muito bem, que o juiz é a voz viva da justiça e que, se o juiz não fala com a verdade, a justiça fica muda, como profetizado pelo mestre único Piero Calamandrei.

No Brasil, todos reconhecem que o Poder Judiciário é tão aristocrático quanto complexo. É nauseante observar a foto da ministra Cármen Lúcia ladeada de dez homens de toga, circunstância que agride a vista e, sobretudo, a consciência de gênero e racial.

Em um cenário ideal, a Corte seria paritária entre homens e mulheres e diversa em cor, gênero e inclusão. Esses critérios, em tese, afastariam o ministro Jorge Messias da preferência para a vaga no STF. Porém, a realidade é bem diferente da idealização.

A atualidade do Brasil exige, mais do que tudo, coragem. No país, ainda se estão juntando os cacos de uma tentativa de golpe cujo trâmite segue em curso desde os Estados Unidos. Por isso, coragem é algo que o próximo ministro deve agregar de maneira robusta em seu portfólio pessoal, sendo esse atributo o que Jorge Messias vem provando ter durante toda sua trajetória no serviço público, em especial nos últimos dois anos, desde que assumiu a chefia da AGU.

Messias possui valentia, excelente trânsito institucional entre Poderes e instâncias federativas e capacidade ímpar de resolutividade nas ações. Não fossem ele e o atual delegado-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, ao lado do ex-ministro da Justiça, atual ministro do STF, Flávio Dino, e respectiva equipe, em janeiro de 2023 a tentativa de golpe teria se consumado.

Em mandato vindouro, o presidente Lula terá a oportunidade de indicar outros dois nomes para o STF. Quiçá seja o momento de minorar a falta de representatividade feminina e negra na Corte Suprema. Agora, a hora é de fortalecer a Corte com nomes já testados em termos de arrojo para defender a institucionalidade.

Verdade seja dita, o presidente Lula não está avesso à necessidade de reduzir as distorções de gênero e raça no Judiciário e nos espaços políticos em geral. Neste mandato, só em termos de Cortes Superiores, duas mulheres já foram indicadas para o STJ, outra para o TSE e outra para o STM, tribunal em que uma segunda ministra, a atual presidenta, já fora indicada por si em mandato anterior. O presidente tem nomeado mulheres e negros, egressos da magistratura ou de quintos constitucionais, em TRFs, TRTs e TREs. Jamais se pode esquecer que foi o presidente Lula o único mandatário da história republicana a indicar uma sucessora mulher para a Presidência do Brasil, a ex-presidenta Dilma Rousseff, que também foi recentemente indicada por ele para assumir a presidência do importante Banco do BRICS. A propósito, no Executivo, há dez mulheres em ministérios e, em termos de máquina pública, pelo menos duas mulheres estão à frente de empresas de elevadíssima relevância nacional: a Petrobras e o Banco do Brasil.

Portanto, se a opção do presidente Lula para o STF não for pelo nome do ministro da AGU, Jorge Messias, que seja pelo de alguém com os mesmos perfis objetivos e subjetivos, sendo relevante ressaltar a competência, a coragem e o compromisso com os programas sociais de governo e, também, com as pautas sociais gerais que defende em sua gestão e que são amplamente recepcionadas pela Constituição. Porque, para além de ser um grande quadro da República, Jorge Messias, evangélico “de verdade”, também é um comprovado humanista, defensor das populações mais sofridas e das pessoas mais vulneráveis.
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Fonte: https://www.brasil247.com/blog/por-que-jorge-messias

ARMA SECRETA CONTRA O ETARISMO (como usá-la): Inteligência da Resiliência Profissional (IRP)

06.10.2025

Do Linkedin de José Jerônimo*

Postado por Irineu Messias


O CURRÍCULO DELE FOI DESCARTADO POR “EXCESSO DE EXPERIÊNCIA”.

Ao invés de se render, ele abriu uma nova porta.

O mercado insiste travando a batalha errada. Procura juventude ou modismos… mas está perdendo a guerra mais importante: a da inteligência estratégica.

Aos 50, 55 ou 60+, muitos são taxados de “sênior demais”. Mas essa etiqueta esconde algo que pouca gente percebe: uma arma secreta, que não aparece no LinkedIn, nem em diplomas brilhando na parede. Essa arma chama-se Inteligência da Resiliência Profissional (IRP).

A IRP é o que transforma cicatrizes em força. É a capacidade de, diante da pressão, enxergar o que está invisível para os inexperientes. Não se aprende em curso rápido, nem em MBA. Aprende-se em crises enfrentadas, projetos fracassados que viraram vitórias, negociações que pareciam perdidas, mas foram resgatadas com habilidade e calma.

 E aqui está o erro fatal das empresas:

- ao descartarem profissionais experientes, deixam de acessar bilhões em soluções, inovação prática e sabedoria aplicada.

Mas não é apenas um problema das empresas. 

É também um chamado para os profissionais maduros: ativar e usar sua IRP com clareza, método e confiança.

 COMO TRANSFORMAR SUA IDADE EM VANTAGEM COMPETITIVA

- Mapeie suas Cicatrizes Estratégicas

Não descreva só cargos e funções. Relate crises que superou, erros caros que evitou, transformações que conduziu. Sempre com impacto mensurável: tempo economizado, dinheiro preservado, equipe fortalecida.

- Domine a Mentoria Reversa Ativa

Ofereça-se para ensinar lições de negócio enquanto aprende ferramentas digitais com os mais jovens. Isso quebra barreiras, gera respeito mútuo e mostra que intergeracionalidade é motor de inovação.

- Crie um Portfólio de Soluções

Não espere uma vaga. Identifique problemas comuns no seu setor e prepare soluções estruturadas com base na sua vivência. Apresente-se como solucionador, não como mais um candidato.

- Seja um Consultor Interno.

Mostre valor dentro da empresa antes de pedir reconhecimento. Traga soluções para gargalos reais. A confiança vem do resultado entregue.

- Construa Pontes Genuínas

Converse com jovens, participe de eventos, compartilhe ideias sem imposição. A intergeracionalidade é uma via de mão dupla — quem escuta, cresce.

Para as empresas: 

 Olhem para quem já entregou tudo isso sob fogo cruzado. Parem de filtrar por idade. Comecem a filtrar por IRP.

Para os profissionais: 

a sua idade não é obstáculo, é ativo estratégico. Só precisa ser apresentado do jeito certo.

DESAFIO: Qual é a sua Cicatriz Estratégica mais valiosa?

Compartilhe juntando com uma lição que só o tempo e a experiência puderam ensinar - a sua

Juntos, vamos mostrar que a arma contra o etarismo, a (IRP).

José Jerónimo   Conexão de 2º grau. 2º CEO – Founder do Projeto “Longevidade sem Fronteiras”/ Inclusão Etária / Saúde (Healthcare) / Palestrante / Treinamentos / Consultor.

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Fonte: https://www.linkedin.com/feed/?highlightedUpdateType=CONTENT_YOU_MAYBE_INTERESTED_IN&highlightedUpdateUrn=urn%3Ali%3Aactivity%3A7378904618354937856

De que forma a gestão de pessoas e a cultura organizacional influenciam a eficácia dos sistemas de saúde?

11.09.2025

Postado por Irineu Messias

A gestão de pessoas e a cultura organizacional exercem uma influência significativa na eficácia dos sistemas de saúde, conforme detalhado nas fontes, principalmente através da otimização do capital humano e da criação de um ambiente de trabalho coeso e produtivo.

Influência da Gestão de Pessoas:

Alcance de Objetivos e Qualidade do Serviço A administração, que engloba a gestão de pessoas, tem como tarefa básica "conseguir fazer as coisas por meio das pessoas e dos recursos disponíveis de maneira eficiente e eficaz". A qualidade da administração de Recursos Humanos (ARH) "influencia diretamente a capacidade da organização e de seus empregados em atingir seus objetivos".

Recurso Estratégico e Dinamizador A gestão de pessoas é a forma como uma organização se estrutura para "gerenciar e orientar o comportamento humano no ambiente de trabalho". Ela deve ir além de ações planejadas, considerando as pessoas como "recursos estratégicos, capazes de dinamizar as organizações e garantir a sustentabilidade de sua competitividade".

Funções Essenciais As atividades de gestão de pessoas incluem "recrutamento, treinamento, remuneração e desenvolvimento". Os recursos humanos são fundamentais para "planejar e produzir os produtos e serviços, controlam a qualidade, vendem os produtos, alocam recursos financeiros e estabelecem as estratégias e objetivos para a organização".

Capacitação para Tecnologia e Sistemas de Informação No contexto da saúde, a eficácia dos sistemas de informação depende de "pessoas habilitadas que operarão e administrarão toda essa tecnologia". A "capacitação desses recursos é de extrema importância para a operação e gerenciamento eficientes dos sistemas de TI nas organizações". Isso é crucial, visto que os sistemas de informação são um apoio essencial para a gestão em saúde, visando a qualidade da assistência e o gerenciamento do trabalho.

Desenvolvimento Profissional e Sustentabilidade do SUS Os sistemas de informação, quando qualificam os profissionais de saúde para executar tarefas com qualidade, podem "transformar e sustentar o Sistema Único de Saúde, dando retornos positivos espetaculares em curto prazo". O conhecimento dos trabalhadores de saúde é o "instrumento mais poderoso" para a prestação da assistência.

Planejamento e Políticas de Gestão Existem instrumentos como o Sistema de Informação e Gestão de Recursos Humanos (SIG-RHS), que é uma ferramenta para "coleta, armazenagem e análise de informações de gestão do trabalho para planejamento e acompanhamento, formulação de políticas de gestão a ser utilizado em serviços e sistemas locais de saúde".

Influência da Cultura Organizacional:

Impacto no Comportamento Humano e Integração A cultura organizacional, ou "grupos de trabalho com cultura própria", exerce "influências acentuadas sobre os estados mentais e emocionais dos indivíduos que as compõem". Essa cultura pode ser "um ambiente integrador e enriquecedor" ou, ao contrário, pode "desagregar-se e manipular as pessoas".

Promoção da Integração É fundamental que a "cultura organizacional da empresa deve se direcionar para uma troca de cultura de maneira que haja integração dos colaboradores entre si, como também entre empresa e colaborador". Não avaliar a situação emocional das pessoas nas organizações é considerada uma falha grave.

Em resumo, a gestão de pessoas é vital para a eficácia dos sistemas de saúde ao garantir que os profissionais sejam capacitados, desenvolvidos e estrategicamente utilizados, permitindo que as organizações atinjam seus objetivos de forma eficiente e eficaz. A cultura organizacional, por sua vez, influencia a eficácia ao criar um ambiente de trabalho que integra os colaboradores, considera seu bem-estar emocional e promove a coesão, essencial para o funcionamento harmonioso e produtivo das equipes de saúde.

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Sofistas Gregos: Características de conteúdo e forma no proêmio eficaz segundo Trasímaco

17.07.2025

Postado por Irineu Messias


Índice

  1. Introdução
  2. Contextualização Histórica e Conceitual
  3. Análise dos Conteúdos Existentes e sua Relação com o Proêmio
  4. A Perspectiva de Trasímaco na Discussão de Justiça e Retórica
  5. Considerações sobre a Ausência de Elementos Explícitos no Discurso de Trasímaco
  6. Visualizações e Representações Gráficas
  7. Conclusão

1. Introdução

O presente artigo tem por objetivo investigar os atributos de conteúdo e forma que, segundo a perspectiva de Trasímaco, contribuiriam para a eficácia de um proêmio. O tema surge em um contexto acadêmico de análise crítica dos diálogos platônicos, onde o debate sobre a justiça – matéria central na obra República – contrasta com a função de introdução (ou proêmio) dos temas discutidos. No entanto, a partir das fontes analisadas, constata-se que os textos enfatizam principalmente os argumentos de Trasímaco acerca da justiça, sem oferecer uma exposição detalhada relativa à estrutura ou às características do proêmio eficaz.

Neste trabalho, serão abordadas as contribuições dos autores clássicos e das análises contemporâneas, com especial referência aos textos extraídos da República de Platão, bem como à discussão sobre os métodos retóricos e de argumentação dos sofistas, dos quais Trasímaco é um exemplo marcante. A metodologia combinou a análise textual de trechos relevantes com uma comparação dos elementos retóricos presentes nos debates filosóficos, buscando identificar, mesmo que de forma indireta, quais aspectos do proêmio poderiam ser considerados eficazes na retórica feita por Trasímaco.

2. Contextualização Histórica e Conceitual

A República de Platão é palco de intensos debates sobre a natureza da justiça. Nesse cenário, Trasímaco aparece como um personagem que desafia as concepções tradicionais, afirmando que “a justiça é nada mais do que a vantagem do mais forte”. Sua posição contrasta com a visão idealizada e normativa defendida por Sócrates, contribuindo para uma polarização de opiniões que, por certo, se estende à forma como o discurso é introduzido e estruturado.

Em alguns estudos, o proêmio é entendido como a introdução que contextualiza o debate e delimita o que está por vir. Por exemplo, na análise do proêmio da República, observa-se que ele não se limita a ser uma mera abertura, mas assume funções múltiplas: ele serve de prelúdio à discussão dos temas da polis (politéia), da justiça (dikaiosýne) e da dialética. Tais interpretações, contudo, são atribuídas a outros interlocutores (como Sócrates e Glaucon) e não ao próprio Trasímaco.

No contexto retórico, uma introdução eficaz deve conquistar a atenção do público e, ao mesmo tempo, preparar o terreno para a argumentação que se seguirá. Embora os textos fornecidos explorem com profundidade os debates sobre justiça, eles não revelam explicitamente se Trasímaco dedicou-se a delinear os atributos formais ou de conteúdo de um proêmio que considerasse ideal para persuadir seu público.

 

3. Análise dos Conteúdos Existentes e sua Relação com o Prôemio

A partir da análise dos trechos fornecidos nas fontes, constata-se que:

  • Debate sobre Justiça: A ênfase das fontes concentra-se na interpretação de Justiça conforme exposta por Trasímaco, que caracteriza a justiça como um instrumento de dominação – “a vantagem do mais forte”. Essa abordagem já demonstra um forte caráter retórico, onde o discurso visa, sobretudo, desafiar as noções preestabelecidas e enaltecer a eficácia da argumentação persuasiva.
  • Função do Próemio: Há uma clara delimitação do conceito de próemio em estudos como os que discutem a função do próemio na introdução da República. Nesses trabalhos, o próemio é visto como o ponto de partida que prepara o leitor ou ouvinte para um caminho que envolve aspectos filosóficos, históricos e retóricos. Contudo, essa discussão permanece alocada em outros contextos e não é especificamente associada a Trasímaco.
  • Foco Retórico de Trasímaco: Os elementos da retórica atribuídos a Trasímaco (como a tentativa de confundir ou desestabilizar a noção tradicional de justiça) sugerem que, se ele tivesse uma concepção sobre o próemio eficaz, esta provavelmente enfatizaria a capacidade de rapidamente cativar e desviar o discurso para favorecer a sua própria visão. Contudo, não há nos textos um detalhamento explícito desse ponto de vista.

Assim, embora os textos reúnam uma rica discussão dos argumentos sofísticos e da retórica em Platão, a contribuição específica de Trasímaco no que diz respeito aos elementos formais e de conteúdo de um próemio permanece não abordada de forma detalhada.

4. A Perspectiva de Trasímaco na Discussão de Justiça e Retórica

Trasímaco é frequentemente lembrado por sua postura combativa e pelo uso de argumentos que buscam evidenciar a arbitrariedade e a relatividade dos valores morais tradicionais. Sua defesa de que “a justiça é a vantagem dos mais fortes” não parte de uma análise estruturada da forma, mas sim de um questionamento radical dos pressupostos éticos e políticos. Essa estratégia retórica tem a finalidade de:

  • Provocar Reação: Ao adotar posturas polêmicas e questionadoras, Trasímaco utiliza a retórica para instigar debates acalorados e, assim, mobilizar a atenção dos ouvintes ou leitores.
  • Subverter Convenções: A sua argumentação busca subverter os conceitos clássicos de justiça, o que implica também uma crítica indireta à forma como os discursos e introduções (próemios) são tradicionalmente estruturados para reforçar valores normativos.
  • Afirmar a Superioridade Dialética: Ao demonstrar que sua visão é fruto de uma análise prática e despojada de idealismo, Trasímaco reforça a ideia de que a eficácia de um discurso – e, por extensão, de um próemio – pode ser medida pela sua capacidade de desarmar as convenções e reconfigurar o debate a favor do poder e da persuasão prática.

Apesar dessas inferências, observa-se que os registros dos textos disponíveis não especificam quais seriam, em termos de forma e conteúdo, as características de um próemio eficaz defendido por Trasímaco. Sua ênfase recai mais sobre a eficácia em contestar e desestabilizar o pensamento convencional do que sobre a arte de iniciar um discurso com cuidadosa elaboração formal.

5. Considerações sobre a Ausência de Elementos Explícitos no Discurso de Trasímaco

A análise dos materiais evidencia que:

  • Foco na Justiça: As fontes se concentram na análise dos argumentos de Justiça e na crítica ao status quo, sem realizar uma dissecação dos elementos formais de um próemio na visão de Trasímaco. Isso sugere que o personagem, embora retórico, não deixou um tratado específico sobre a estrutura ideal de uma introdução discursiva.
  • Ênfase em Estratégias Retóricas: A retórica de Trasímaco, registrada nas fontes, aponta para estratégias voltadas à vitória argumentativa, como a moralização invertida e a utilização de slogans provocativos. Esses aspectos indicam uma preferência pelo impacto imediato no debate, sem a elaboração de uma introdução detalhada que possa ser classificada como “próemio eficaz” no sentido convencional.
  • Contribuição Indireta à Retórica: Pode-se inferir, de modo indireto, que um próemio adequado, segundo os princípios que orientam a postura de Trasímaco, deveria apresentar inicialmente uma estrutura que desestabilizasse as convenções e preparasse o terreno para a argumentação que segue, enfatizando a realidade crua das relações de poder. No entanto, essa inferência é uma conjectura baseada na análise do comportamento dialogal e não em uma proposição textual explícita.

Dessa forma, a ausência de uma definição clara e sistematizada nos materiais disponíveis inviabiliza a formação de uma resposta categórica sobre as características de um próemio eficaz segundo Trasímaco. O que se pode afirmar é que, para ele, a eficácia discursiva reside na capacidade de desafiar as noções estabelecidas e de provocar uma revisão imediata dos conceitos tradicionais.

6. Visualizações e Representações Gráficas

Tabela: Comparativo entre Elementos Retóricos Tradicionais e a Perspectiva de Trasímaco

Interface gráfica do usuário, Texto, Aplicativo, Email

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Explicação: Esta tabela compara os elementos retóricos que costumam definir um proêmio eficaz de forma tradicional com aspectos que podem ser associados à estratégia retórica de Trasímaco, ressaltando a ausência de uma formulação explícita de sua parte quanto ao tema.

Diagrama de Fluxo: Relação entre Debate de Justiça e Estrutura Retórica

Diagrama:

Diagrama

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Descrição: O diagrama acima ilustra o fluxo argumentativo típico no debate platônico, destacando onde ocorre a intervenção retórica de Trasímaco. Nota-se que, embora o proêmio tradicional sirva de introdução para apresentar conceitos, a intervenção de Trasímaco redireciona o foco ao enfatizar o poder e a vantagem do mais forte, sem explicitar os elementos formais de um proêmio eficaz.

Pessoas em pé em frente a mesa

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Legenda: Representação simbólica de um debate pela retórica clássica, que evidencia a disputa de ideias entre posições tradicionais e sofísticas.

7. Conclusão

Em síntese, a análise dos materiais disponíveis permite afirmar que:

  • A discussão dos textos concentra-se primordialmente na análise da justiça e na crítica das convenções morais, sobretudo a partir da perspectiva de Trasímaco.
  • Não há evidências explícitas nos conteúdos fornecidos que detalhem quais seriam as características de um proêmio eficaz segundo Trasímaco.
  • Pode-se inferir, de forma indireta, que para Trasímaco a eficácia retórica reside na capacidade de provocar, desestabilizar e subverter as noções tradicionais, favorecendo um discurso que priorize a vitória argumentativa sobre a clareza formal e a harmonização dos conceitos.
  • A ausência de uma formulação sistematizada por parte de Trasímaco limita a possibilidade de identificar elementos específicos de conteúdo e forma para um proêmio eficaz de sua autoria.

Principais Conclusões:

  • A função do proêmio na tradição clássica envolve a preparação do debate, contextualizando e introduzindo os temas a serem discutidos.
  • A retórica de Trasímaco, embora extremamente eficaz no sentido de contestar e desafiar os valores estabelecidos, não se dedica a uma análise formal dos elementos que compõem um proêmio.
  • A inferência indireta sugere que, para Trasímaco, a eficácia discursiva se mede pela capacidade de mobilizar o debate em favor dos interesses do mais forte, sem que haja uma preocupação explícita com a estrutura introdutória tradicional.

Em conclusão, embora o debate platônico e os estudos sobre a função do proêmio ofereçam insights valiosos sobre a introdução de temas complexos, os materiais disponíveis não estabelecem de forma clara e direta as características de um proêmio eficaz segundo Trasímaco. Essa ausência indica que seus interesses retóricos estavam direcionados à revisão crítica dos conceitos de justiça e ao estabelecimento de um novo paradigma de poder, deixando em aberto a sistematização formal de uma introdução discursiva.

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Conheça os candidatos aos Conselhos da Viva Previdência: Irineu Messias e Ronald, Conselho Deliberativo: Dupla 3. Conselho Fiscal: Dupla 5 – Mirian e Ivone

 16.05.2025

Do portal do Sindsprev/PE

O companheiro Irineu Messias é candidato ao cargo de conselheiro deliberativo na Viva Previdência, compondo a Chapa 3, ao lado de Ronald Acioly, em mais uma importante disputa para a defesa dos direitos dos peculistas.

Com uma trajetória de 40 anos de militância como peculista, Irineu Messias tem vasta experiência no movimento sindical e já integrou o conselho da GEAP, onde sempre atuou em defesa da categoria e da boa gestão dos recursos previdenciários.

Seu companheiro de chapa, Ronald Acioly, também tem longa trajetória na luta dos peculistas. Ex-dirigente da antiga assistência patronal, Ronald também comandou a pasta do pecúlio na então GEAP. Em sua gestão, teve papel fundamental na proteção do fundo de pecúlio.

Quando separaram a assistência patronal de um lado e o pecúlio do outro, o dinheiro não foi transferido para as contas da GEAP”, relembra Ronald. “Movi uma ação contra o INSS e essa ação foi vitoriosa. Graças a isso, o fundo de pecúlio hoje é um fundo bilionário”, completa. Essa história é reconhecida e valorizada por boa parte dos peculistas, que já confiaram em Ronald por dois mandatos consecutivos dentro da Viva Previdência.

A trajetória e o compromisso de Irineu e Ronald demonstram que a Chapa 3 é a escolha certa para continuar defendendo os interesses dos peculistas no Conselho Deliberativo da Viva Previdência.

E para o Conselho Fiscal, o Sindsprev-PE também recomenda o voto na Chapa 5, composta por Mirian e Ivone, duas companheiras comprometidas com a transparência e a fiscalização rigorosa dos recursos do fundo.

Vote consciente. Vote pela experiência, compromisso e história.
Para o Conselho Deliberativo: Chapa 3 – Irineu e Ronald
Para o Conselho Fiscal: Chapa 5 – Mirian e Ivone.

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Fonte:https://www.sindsprev.org.br/site/noticia/28661/irineu-messias-e-ronald-acioly-sao-candidatos-ao-conselho-deliberativo-da-viva-previdencia

Ministério da Saúde e a Geap, lançam o programa de Exames Periódicos para os servidores do Ministério da Saúde

 12.05.2025

Do canal da Geap, no YouTube, 08.05.25

O evento promovido pelo Ministério da Saúde destaca o papel fundamental da prevenção e cuidados de saúde na população brasileira.



No dia 8 de maio, um evento significativo foi realizado no Rio de Janeiro, próximo à prefeitura, promovido pelo Ministério da Saúde. O encontro não apenas enfatizou a importância da saúde pública, mas também abordou a vacinação como uma demonstração de amor e cuidado com a comunidade. Este artigo destaca os principais pontos abordados durante o evento e a relevância do acesso a serviços de saúde e exames.


1. O Lançamento dos Exames Periódicos

O evento começou com uma série de anúncios sobre o lançamento de serviços de saúde e a inauguração de exames médicos periódicos para servidores públicos do Ministério da Saúde. O Diretor-presidente da GEAP, Douglas Figueiredo, deu boas-vindas à iniciativa, que visa garantir o acesso a exames para mais de 20.000 servidores ativos. A importância dos exames médicos periódicos foi destacada como uma medida essencial para promover a saúde e a prevenção de doenças.


2. A Importância da Vacinação

Durante o evento, o Dr. Dráusio falou sobre a vacinação, retratando-a como um gesto de amor pelo próximo. Ele ressaltou que vacinar é fundamental não apenas para a proteção individual, mas também para a preservação da saúde pública. Com o apoio de figuras públicas como Elizabete Savala, foram promovidas campanhas de mobilização para reativar as iniciativas nacionais de vacinação que haviam sido interrompidas.


3. Interatividade e Engajamento do Público

Engajando a audiência em aplausos e participações ativas, o evento se destacou por proporcionar um ambiente alegre e colaborativo. Apresentações humorísticas e a interação dos comediantes trouxeram leveza ao tema sério da saúde, convidando todos a refletirem sobre a importância dos exames e da saúde preventiva. Rosana, uma das apresentadoras, expressou sua gratidão ao público, destacando o valor deste apoio na promoção da saúde.


4. A Evolução da Saúde no Brasil

Discussões sobre a evolução das necessidades de saúde no Brasil revelaram que, enquanto o foco antes era em doenças infecciosas, hoje os desafios incluem condições crônicas, como diabetes e hipertensão. A importância dos agentes comunitários de saúde na resolução de questões locais foi ressaltada, destacando sua função vital na promoção de intervenções precoces.

O evento no Rio de Janeiro não apenas lança um compromisso com a saúde pública, mas também reforça a necessidade de participação ativa da população na prevenção de doenças e no cuidado com a saúde. Com ações como a reativação de exames periódicos e a promoção da vacinação, o Ministério da Saúde demonstra seu comprometimento em fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.

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"A Prática Moderna de Educação de Adultos: Pedagogia vs Andragogia" - Malcolm Shepherd Knowles

Introdução

Malcolm Shepherd Knowles, reconhecido como o "pai da Andragogia", trouxe uma nova perspectiva sobre a educação de adultos em seu livro seminal "A Prática Moderna de Educação de Adultos: Pedagogia vs Andragogia", publicado em 1970. Neste trabalho, Knowles explora as diferenças fundamentais entre a pedagogia, tradicionalmente voltada para crianças, e a andragogia, que se concentra nas necessidades e características dos aprendizes adultos.

Principais Conceitos

Knowles argumenta que a educação de adultos deve ser abordada de maneira diferente da educação infantil. Ele identifica seis princípios fundamentais da andragogia:

  1. Necessidade de Saber: Adultos precisam entender por que precisam aprender algo antes de se comprometerem com o processo.
  2. Autonomia: Os aprendizes adultos tendem a ser mais autodirigidos, preferindo ter controle sobre seu aprendizado.
  3. Experiência Prévia: A bagagem de experiências dos adultos é um recurso valioso que deve ser integrado ao processo de aprendizagem.
  4. Prontidão para Aprender: Adultos estão mais motivados a aprender quando o conteúdo é relevante para suas vidas e responsabilidades.
  5. Orientação para o Aprendizado: A aprendizagem deve ser centrada em problemas, não em conteúdos, permitindo que os adultos apliquem o que aprendem em situações práticas.
  6. Motivação: Embora a motivação externa (como promoções no trabalho) possa ser importante, a motivação interna (como o desejo de autoaperfeiçoamento) é crucial para o aprendizado eficaz.

Análise Crítica

A obra de Knowles é notável por sua clareza e relevância contínua. Ele não apenas delineia os princípios da andragogia, mas também fornece exemplos práticos e estratégias para implementá-los em contextos educacionais. Sua abordagem baseada em pesquisa e experiência prática oferece um guia valioso para educadores, facilitadores e profissionais que trabalham com adultos.

No entanto, alguns críticos apontam que o trabalho de Knowles pode simplificar excessivamente a complexidade do aprendizado adulto, ao não considerar suficientemente as variações culturais, sociais e econômicas que influenciam a educação. Além disso, a ênfase na autodireção pode não ser viável para todos os aprendizes, especialmente aqueles que enfrentam barreiras significativas ao aprendizado.

Conclusão

"A Prática Moderna de Educação de Adultos: Pedagogia vs Andragogia" é uma leitura essencial para qualquer profissional envolvido na educação de adultos. O legado de Malcolm Knowles continua a influenciar práticas educacionais e a moldar a maneira como entendemos o aprendizado ao longo da vida. Sua obra não apenas desafia as normas tradicionais da pedagogia, mas também oferece um caminho claro para a evolução da educação de adultos em um mundo em constante mudança.

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